segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Ortografia da vida.

Ganhei um texto escrito em parte
Era minha história,a parte que não pude decidir
Estava escrito que eu nasci ali, que era filha de quem não escolhi
Estava escrito a cor dos meus olhos,a cor da minha pele
O tempo passou e eu fui vendo novas letras,
Novas palavras,frases sentenças...
Fui percebendo que nada era assim tão definitivo,exceto 
O que já veio pronto:meu código genético,o mapa da vida.
Mas a cada novo amanhecer eu ganhava uma página em branco.
E alguns me ajudaram a continuar a escrita.
Sendo eu a pena e a letra, da minha poesia-vida.
Algumas vezes esbarrei em um ponto final (.)
E eu lhe disse não! Não aceito o fim,mantenha-se longe de mim!
E logo vinham as reticências (...) dizendo-me prossiga.
Nada é chegado ao fim pois a sua vida começa aqui...
E eu continuava a caminhada em meio à poeira da estrada.
E do nada caía uma exclamação,fazendo disparar o coração!
E que susto me dava! (!)
Então a história indagava à memória:
Lembra-te que tens que seguir?
Eu respirava fundo e caminhava.
Ah que longa história...
Quanta lembrança,memória.
Quanta distância agora das letras iniciais.
E houve alguns finais...
E recomeços
E o fim, ainda não faz parte de mim.
Porque
Sonho,
Espero,
vivo
Escrevo...

Elenite Araujo

sábado, 26 de janeiro de 2013

Olhos nos olhos.

Olhos nos olhos.

Olhei o oceano 
Cujos olhos verdes miravam a Lua
Olhei-o nos olhos banhados de luar
Envaidecido e sem chorar
Amado e amante da Lua...

A Terra à noite,joia nua 
Azul adormecido de se olhar
O silêncio da noite prateada
Interrompido pelo ruidoso mar
Que toca em carícias as areias.

E as ondas no vai e vem
Polem as pedras
Alisando as asperezas
Aparando arestas

Eu leio essa poesia divina
Extasiada contemplo beleza
Nessa mistura de céu-Terra-e-mar
Embriago-me nesse prateado Luar

E sigo a vida
No sonho adormecida
Admirando chegada e partida
Dessa vida estrada e jardim

E sempre que posso
Olho nos olhos do oceano
Ouço a canção ruidosa
E o brilho encantador

Do sonho enluarado
Banhado em prata
Poesia abstrata
Contida no olhar desse vasto mar!

Elenite Araujo.

Ei poeminha pouse aqui na minha mão...


Ei poeminha, pouse aqui na minha mão...

E lá vai ele voando!
Ei poeminha, pouse aqui!
Eu vou seguindo-o com o olhar
E ele, todo dono de si, se afasta mais!
Vem cá para que eu te poeme!
Para que eu te pendure no varal
Dos meus outros poemas...
Mas não é que o danado não se deixa convencer?
E eu fico aqui vendo-o voar a se afastar de mim!
E vai sem rima e sem métrica,
Me deixando aqui sem poesia

Ei poeminha, pouse aqui na minha mão...

E lá vai ele voando!
Ei poeminha, pouse aqui!
Eu vou seguindo-o com o olhar
E ele, todo dono de si, se afasta mais!
Vem cá para que eu te poeme!
Para que eu te pendure no varal
Dos meus outros poemas...
Mas não é que o danado não se deixa convencer?
E eu fico aqui vendo-o voar a se afastar de mim!
E vai sem rima e sem métrica,
Me deixando aqui sem poesia
Só porque quer voar!
Nem sei o nome desse poema,
Mas como disse um poeta:
Do pássaro não importa o nome
Apenas sei que era azul e voava...
Meu poema voador tinha a cor
Da íris do oceano,
Era verde e voava
Então é isso que importa
Como disse um poeta.
Eh poeminha rebelde...
Continua voando!
E eu continuo tão sem
Poesia...

Elenite Araujo.
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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Meu coração.

Um mar vítreo
Grão de areia,
Solidificado a fogo.
Fagulha,chama e rogo.

Meu coração,
Tem fome de pão
De amor,
Da tua mão.

Tem fome de flor,
Que brota de ti,
Do teu amor.
Por mim...

Um grão,
                                                                                       Fagulha,
                                                                                          Chama,
                                                                                             Que inflama
                                                                                                  E ama!

                                                              


                                                                                     

domingo, 13 de janeiro de 2013

CRIAÇÃO.

Criação.

No dia criativo Deus nos fez 
Um de cada vez
Cada um a seu tempo...

E determinou na sua graça
Que seríamos diferentes da grande massa:
Fomos vivendo,vendo,aprendendo...

E um dia que talvez nem todos nós lembremos,
Cumpriu-se a promessa: foi nos dado a bênção de ser poeta!
Abriam-se nossos olhos para a beleza da vida.

Deus nos fez lavradores
Para cultivarmos a poesia
E enxergarmos flores no céu,mas no chão colhermos estrelas!

Vamos poetas! Apanhem seu bornal de sementes
Preparemos o solo,semeemos!
Para que brotem flores no coração da humanidade!

Somos todos irmãos!
Somos todos iguais,
Somos quem enxerga mais.

Vamos espalhar as sementes,
Para que Deus faça crescer no coração dos homens
A poesia que em nós não se contém e nos consome.

E a chuva cairá do céu em gotas de ternura
E fará dar frutos essa estrutura
Árvore frondosa do sonho,da qual fomos feitos ramos.

Elenite Araujo.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Estou triste!

A condição.da minha humanidade.

A condição da minha humanidade.

A pior das misérias humanas possuo,
Sou escravo de um sentir tatuado à ferro e fogo no miocárdio.
Sou cativo da dor!
E o meu amo é desprovido de qualquer benevolência!

Me açoita dia e noite
Exige-me ao extremo
Das minhas mãos roubou-me o remo.
Pôs-me a afundar no mar de Horror...

Lamaçal de dor
Que rouba-me a dignidade de ser
E me enfraquece aonde eu for.
Mas náufrago,sobrevivo!

Elenite Araujo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Tu.

Tua boca carnívora,
Alma onívora
Que devora
Com o olhar
E não olha

Essa cidade
À tarde,
Fogo que arde,
Falsa liberdade
E nós, escravos!

De algum amo
Que nos rende
Nos prende
Aprisiona-nos!
Decepciona-nos...

Nessa pseudo-vida
Eterno arrebol
E essa sede
De vida
Da qual me priva esse amor teu.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Ondas e ventos.

No mar dos meus pensamentos
Sou rocha exposta às intempéries do tempo
Saudade de um passado que se foi...

No choque de bravias ondas
Exponho-me ao tempo que me sonda
Me expia e espia...

Resisto ao peso do tempo
À força do vento
À fúria das ondas.

O vento sopra impiedoso
O mar beija-me a face ruidoso
E me abraça em fúria.

Curvo-me e deixo-me moldar
Mesmo na solidez do meu ser
Rocha aparo as arestas do tempo...

Elenite Araujo.